UMA ROTINA CIRCULAR PARA OS TÊXTEIS
- laibarcellos
- 24 de jan. de 2023
- 4 min de leitura
O mercado têxtil está em um esforço para dar tração a matérias-primas efetivamente sustentáveis e circulares, o foco está em menor uso de água potável, químicos poluentes, uso excessivo de energia, entre outros.

Em meio as soluções, fibras têxteis à base de plantas, pigmentos à base de CO2 captados da superfície terrestre e remoção de químicos altamente poluentes da produção.
Reduzir o impacto no planeta é o foco.
A importância no movimento, se faz no fato de que o atual sistema de produção está tornando-se insustentável, a matéria-prima virgem está em um processo de aumento exponencial de preço, a tendência é em seguir subindo, isso impacta diretamente no preço final do produto o que dificulta a venda para o consumidor final. Na outra mão, temos os países europeus dando o start em leis mais rígidas no que diz respeito a fabricação de produtos e o uso dos bens naturais do planeta que estão escassos, por fim, o próprio consumidor vem pressionando a indústria para encontrar soluções menos agressivas ao planeta.
Grandes feiras focadas em tendências de moda como a Premiere Vision e a Pitti Uomo, vem investindo em palestras e áreas inteiras focadas no assunto.
Quando conectamos os pontos começa a ficar claro que mesmo as empresas que não se enxergam como ‘boazinhas e amigas do planeta’ precisam começar a investir nas mudanças caso não queiram perder investidores e consumidores. O movimento saiu de uma causa social e se tornou uma questão de inteligência estratégica.
Inovações no campo:
Couro plant-co-products:
No setor de curtume temos avanços em torno do aproveitamento de rejeitos alimentares como beterrabas, olivas, uvas, e até, dejetos advindos da produção de cerveja.
O segmento também está buscando enxugar o processo industrial de forma a causar menos impacto ao ambiente.
Empresas como a Ecotan, utilizam de matéria-prima vegetal para fabricar seu couro, e após o descarte do produto por parte do consumidor, ele os transforma em adubo para plantas.
Com o sistema eles geram quase que um impacto zero no meio ambiente e ainda provam a veracidade de seu compromisso com uma matéria prima 100% limpa.
Trama à base de cabelos:
Recentemente uma empresa argentina focada em inovações têxteis chamada Human Material Loop, criou o protótipo de uma jaqueta modelo parka confeccionada a partir de um tecido feito de cabelo humano.
O objetivo da criação é ter um produto de zero impacto ambiental, não havendo exploração animal, gasto excessivo de água potável ou uso de plásticos.

Os testes com a jaqueta foram um sucesso, apresentando-se incrivelmente térmica diante da exposição às baixas temperaturas da região Argentina.
Quando colocado em números, segundo a própria empresa, cerca de 72 milhões de quilos de cabelo são perdidos e acabam sendo incinerados na Europa por ano. Enquanto isso, a indústria têxtil de sintéticos demanda de 300 milhões de quilos de plástico por ano para suprir sua cadeia de produção.
Analisando os números do mercado, podemos refletir sobre como a fibra animal -humana- caso viesse a receber investimentos e aumentasse a área de coleta nos próximos anos, como por exemplo, Europa, EUA e Brasil; facilmente superaria a cadeia produtiva de têxteis sintéticos, podendo assim, abraçar o segmento de roupas sem dificuldades para suprir a demanda.
Algodão
Já no campo do algodão, vemos uma movimentação em torno de fornecedores envolvidos com agricultura regenerativa, os quais possuem um uso otimizado de água potável, e, revitalização do solo de plantio.
No esfera da evolução da matéria-prima, temos um movimento semelhante ao do couro, havendo um crescimento em torno de tecidos os quais substituem o algodão - o qual demanda muita água - por fibras de cannabis e rejeitos da banana e soja.
Para a juventude, luxo é ser sustentável
Para os mais novos, é necessário que o segmento de luxo mude, deixando de ser apenas inacessível para se tornar um exemplo em inovação ecológica, este por sua vez, vem buscando por tecnologias e parcerias para atender a demanda.
É importante trazer este breve contexto das exigências em torno da moda de luxo em função de que muitas vezes esta é a fatia do mercado responsável por investir em tecnologias inviáveis para os negócios menores, no momento em que ela investe, o fornecimento começa a pouco a pouco se popularizar, tornando-se acessível para os demais. Claro que isso não necessariamente é uma regra, porém, é uma das frentes do mercado.
Contexto Geral
Vale ressaltar que no ano passado, durante o evento Expert XP, um dos painéis abordou que não existe mais a possibilidade dos negócios não olharem para a sustentabilidade e soluções ESG, se posicionar é uma questão de sobrevivência.
O evento é focado em investidores e especialistas em ações de mercado, poderíamos dizer que é um público mais conservador, ainda que, extremamente bem informado e ágil no que diz respeito à mudanças. Neste contexto, um tema assim, apresentado para tal público solidifica o movimento como algo inevitável e sólido, e não, mera tendência de momento.
De maneira geral, observando as movimentações de mercado, leis mundiais, e, exigências do consumidor, o segmento vem utilizando de tecnologias para ofertar práticas efetivamente ecológicas, preparando-se para quando a demanda for maior do que a oferta.



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