A Micro Bolsa da Louis Vuitton Lançada em um Tempo de Micro Universos
- laibarcellos
- 26 de jun. de 2023
- 3 min de leitura
Recentemente o coletivo MSCHF lançou a reinterpretação da bolsa OnTheGo da marca Louis Vuitton em tamanho microscópico.

A parceria não foi encomendada pela casa LV, mas será leiloada por um dos empreendimentos de Pharrell Williams, diretor criativo da marca.
Segundo o coletivo, a escolha por uma bolsa que não possui nenhuma utilidade é brincar com a baixa praticidade (quase inutilidade) de alguns lançamentos de acessórios no mercado de luxo. Poderiamos utilizar como exemplo, a bolsa bota da Balenciaga, a de vidro da Coperni, e a versão mini da Le Chiquito que já era uma mini bolsa na linha da Jacquemus.

Ok, então a intensão é satirizar o mercado, beleza, porém, por que a escolha de uma micro bolsa?
Bom, quem possui uma relação mais próxima com a moda sabe que ela é um reflexo do tempo e da sociedade em que está inserida, não à toa, é uma ferramenta importante na hora de contar a nossa história quanto humanidade.
Pensando nisso, podemos chegar a algumas camadas de interpretação sobre o conceito.
Nano Universo
Estamos em um momento onde a ciência, medicina, sociedade e gurus de TikTok estão engajados nas descobertas, impactos e benefícios que envolvem pequenos organismos como: micro dosagem de alucinógenos para a saúde, cogumelos, reinvenção das proteínas através de microrganismos que se transformam em uma peça inteira de carne, microplásticos acabando com o meio ambiente - e com a gente-, entre outros ‘micro’ fatores que mesmo distantes dos olhos, estão sempre presentes na nossa vida.
A bolsinha em questão é tão pequena que é menor do que um grão de sal e precisa de um microscópio para ser vista.
Entendeu a conexão?

As mini Bags ultrapassaram todos os limites
No pós pandemia, o bureau de análise de tendências WGSN havia mapeado uma diminuição das bolsas, pensando no modelo de trabalho home office que acarretaria em percursos mais curtos de deslocamento, como até farmácia, mercado e cafés para trabalhar, as pessoas não precisariam mais atravessar com tanta frequência a cidade para chegar ao escritório.
O percurso sendo mais curto, e muitas vezes feito de bike ou patinete, demandaria de bolsas mais práticas e leves, acarretando na diminuição do produto e variação de matéria-prima.
No entanto, essa otimização de produto entrou no hype das marcas de luxo, as quais foram diminuindo cada vez mais os tamanhos até se conseguirem carregar, apenas e quando muito, um celular. Perdendo o propósito inicial de utilidade e demanda de consumo.
Arte não é para ser útil
A arte não é para ser útil, é para causar reflexão e paixão. Como sabemos, o mundo da moda, assim como o mundo das artes, é cheio de colecionadores, e, já vimos que esta pequena peça de arte irá a leilão, confirmando o seu papel artístico no universo das inutilidades carregadas de propósito reflexivo e status de riqueza.

Fator Pharell
Pharrell não foi escolhido para substituir Virgil à toa, ambos carregam um apelo cultural embrionário muito forte, em outras palavras, eles olham para movimentos culturais que ainda não foram utilizados por outras casas de moda e transformam em conceito de coleção/campanha/desfile/videoclipe, impactando todo o mercado de luxo, música, entre outros, até em algum momento chegar no balaio promocional da lojinha da esquina.
Tanto é que mesmo a Louis Vuitton não tendo encomendado o projeto, Pharrell apoiou de outras formas sendo o responsável pelo leilão da peça, e agora meus queridos, Pharrell e LV são uma coisa só.

Então para finalizarmos, fica o reforço de que a bag é uma sátira ao mercado de moda, um espelhamento do momento de discussão sobre os microrganismos e uma peça de arte fabricada para gerar incomodo, reflexão e colecionadores.



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